segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cresce em mim a multidão que se angustia
Cruzam os meus olhos os séculos que se passaram
E os homens e mulheres que então buscaram
Para além da sobrevivência um sentido

Cresce em mim a sensação do que está longe
Das coisas que outros irão fazer
Das perguntas que ninguém irá responder
Tal como hoje na mesa dos cafés de todos os dias

Cresce em mim o Universo que se avizinha
Imenso assustador apaixonado
Todos os homens procuram o seu destino
No brilho das estrelas de todo o sempre.

Dilúvio

A água corre e os homens fogem
E as cidades ficam submersas
E os homens correm e fogem

E os que ficam?
Naufragados na lama
Imersos em lama
Feitos lama
Um regresso à terra
Angustiado
Incompreendido
Cheio de dor

Toda a morte
É de dor
Como o parto
Como todas as grandes mudanças
As que trazem as correntes de água
Os grandes dilúvios
Sinais enormes de recomeço
A arca talvez seja uma ilusão
Mas a vida renasceu

No meio das cidades
Só há gritos
E corpos arrastados
Os que sobrevivem olham
E partem
Para outros paraísos
Prometidos.