sexta-feira, 22 de novembro de 2013

São páginas em branco deitadas à rua
Quando se despreza aquele olhar que nos interpela
Que não conhecemos
Mas que nos desafia
Que rejeitamos
Mas longamente se prolonga em nós.

Todo o olhar é um mistério
Mas sobretudo o que nunca vimos
Pode ser um vilão ou um salvador
Um poeta uma sábio ou apenas um sonhador
Mas sempre uma obra prima
Da natureza que se revela em cada ser.

Como qualquer página branca
Onde uma história desabrocha
Que ninguém conhece
Pode ser inútil mas bela
Pode ser indecifrável mas revolucionária
Pode ser frágil mas ter a força
Dos poemas que constroem a humanidade.

Na rua espalhadas pelo chão
Páginas brancas esvoaçam no vento
Na rua perdidas pelos passeios

Vagabundeiam crianças em sofrimento.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Olhar o mundo
E procurar em cada sinal
Um pouca da luz que um dia surgiu
Vinda de muito longe e germinou...

A terra ensopada  reflete as estrelas
E vão-se as estrelas e a água
E nasceu o fruto dos amores eternos
Uma frágil caule verde
A desabrochar em folhas e flor.

A Terra fecundada pelo que vem de longe
O jardim do Sol e de todas as estrelas
Que na noite iluminam os caminhos
E acariciam todos os abraços.

Todos os homens são filhos das estrelas
Como todos os que vivem minúsculos seres ou gigantes
Vem de longe  a verdade que nos anima
De que somos todos irmãos
Aos olhos da Luz!
                                                 Tufão Hayan
O tufão passou
Ficaram braços estendidos
Gritos gemidos
Olhares espantados
Esbugalhados
Surpreendidos
O tufão passou
Mas ficou na lama
Na poeira
Nas casas destruídas
No imenso lençol de lixo
Nos pedaços de vidas destroçadas
Nos brinquedos desfeitos
Nos sonhos impossíveis.

O tufão passou
Mas ficou a tremenda fragilidade que somos
E a pergunta porquê nós
Sempre essa pergunta
Quando um tufão
Passa ao lado
Para esmagar outro qualquer na rua
Porquê?!

E os olhos que se levantam para o céu
Não se atrevem a fazer perguntas

Desfeitos em lágrimas num pranto de orações.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Dezanove degraus
É o que falta subir
Um número inventado
Mas porquê?
Mágico talvez
Mas todos eles trazem a magia
Do infinito das estrelas.

Dezanove degraus
A conta exacta
Para chegar ao ponto
Onde tenho de subir sempre
Mais dezanove degraus!

Todos os números são mágicos
Mas este escolhi-o eu!
Ouve-se ao longe uma porta a bater
Estava ao longe uma casa vazia
E uma porta a bater dia após dia.

Como o tambor de um mensageiro perdido
Que não se cansa não se cansa de esperar
Uma porta para uma casa vazia
Uma luz que não se abre uma voz que não se ouve
Mas continua a bater
Continua a andar nos mesmos passos ritmados
Noite e dia e dia e noite
Como um tambor como um planeta
Que roda cego sem parar
Sem compreender
Sem nada para esperar
Mas em constante revolução
Numa angústia de espasmos
Vulcões e gritos Inundações e lágrimas.

O tambor pulsa ao ritmo das estrelas
Como a porta daquela casa vazia
Como o mensageiro perdido.
Queria passear contigo
Seguir uma estrada sem fim
Simplesmente a conversar até ao fim
Só conversar devagar
Temos tempo a estrada não tem fim!

Queria navegar contigo
No vasto oceano até ao horizonte longínquo
Simplesmente a conversar até ao fim
Só conversar devagar
Temos tempo o oceano não tem fim!

Queria viajar contigo
Daqui até à lua sempre devagar
Simplesmente a conversar até ao fim
Só conversar devagar
Temos tempo a lua não perde o encanto!

Queria viver contigo a aventura
De viver sem parar
Simplesmente a conversar até ao fim
Só conversar devagar
Temos tempo a morte pode esperar!