Um traço na areia molhada
Uma fronteira que surgiu súbita
E arrepia e mete medo
Olho e hesito
Do outro lado já não sou eu
E falta-me a confiança
O que vejo é areia
Mas o que não vejo não sei
Está do outro lado
Talvez a olhar-me
E a ter medo
Um espelho talvez
Do outro lado do espelho
Propaga-se infinito o enigma.
Um traço na areia molhada
Dou a volta a mundo
Para descobrir o outro lado.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Compras ao acaso
No mercado da vida
A avidez de possuir
De nos sentirmos donos
Mesmo de coisas frágeis voláteis inúteis
É absolutamente necessário comprar
O que está à venda e o que não está
O que é útil e não é
O que está morto ou ainda não nasceu
É absolutamente necessário comprar
Ter possuir escravizar
E sobretudo gritar bem alto
Do cimo das cidades dos montes dos oceanos
Eu tenho!
Eu tenho no bolso um pedaço de mundo
Um pedaço desse imenso mistério
Que é o mundo.
No mercado da vida
A avidez de possuir
De nos sentirmos donos
Mesmo de coisas frágeis voláteis inúteis
É absolutamente necessário comprar
O que está à venda e o que não está
O que é útil e não é
O que está morto ou ainda não nasceu
É absolutamente necessário comprar
Ter possuir escravizar
E sobretudo gritar bem alto
Do cimo das cidades dos montes dos oceanos
Eu tenho!
Eu tenho no bolso um pedaço de mundo
Um pedaço desse imenso mistério
Que é o mundo.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Inverno
Na árvore despida
O pássaro espreita
O inverno que passa
O inverno no lago
Os peixes quietos
Esperam que parta
As flores espreitam
O Inverno ainda está
E não abrem
O pássaro espreita
O inverno que passa
O inverno no lago
Os peixes quietos
Esperam que parta
As flores espreitam
O Inverno ainda está
E não abrem
Vogar com a noite
Ao sabor da escuridão que oscila
Num vaivém de sombras e estrelas
De silêncios e de rugidos que arrepiam
Dançar com a noite
Por entre florestas que baloiçam
Ao som das marés que não se cansam
Abraçado às promessas de um novo amanhã
Enleado no amor que as estrelas incendeiam
Viver com a noite
Nas ruas apertadas e silenciosas
Nos bosques nos vales à beira de regatos
De olhar postos no céu que ilumina
À espera sempre à espera dum qualquer sinal.
Ao sabor da escuridão que oscila
Num vaivém de sombras e estrelas
De silêncios e de rugidos que arrepiam
Dançar com a noite
Por entre florestas que baloiçam
Ao som das marés que não se cansam
Abraçado às promessas de um novo amanhã
Enleado no amor que as estrelas incendeiam
Viver com a noite
Nas ruas apertadas e silenciosas
Nos bosques nos vales à beira de regatos
De olhar postos no céu que ilumina
À espera sempre à espera dum qualquer sinal.
Pensei um dia fazer uma grande viagem
Até aos sítios distantes que a memória não lembra
Apenas um cheiro vago um hálito familiar
Como se já tivesse sido vivido respirado amado
Sítios onde nunca estive mas me chamam
Com uma voz que parece que conheço e me é querida
Como se com ela tivesse trocado promessas e desejos
Como se neles tivesse um dia vivido e sido feliz
Procuro nas viagens a terras onde nunca estive
O gesto familiar o rosto amigo o recanto segredo
Porquê não sei nem pergunto nem me assusta
É no mais íntimo do ser que reside a história de todas as origens.
Até aos sítios distantes que a memória não lembra
Apenas um cheiro vago um hálito familiar
Como se já tivesse sido vivido respirado amado
Sítios onde nunca estive mas me chamam
Com uma voz que parece que conheço e me é querida
Como se com ela tivesse trocado promessas e desejos
Como se neles tivesse um dia vivido e sido feliz
Procuro nas viagens a terras onde nunca estive
O gesto familiar o rosto amigo o recanto segredo
Porquê não sei nem pergunto nem me assusta
É no mais íntimo do ser que reside a história de todas as origens.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Na rua fechada aos carros
No centro da cidade
Passa gente apressada
Gente a olhar
Gente sem fazer nada
Mas no meio da rua
Há malabaristas
Flautistas e guitarristas
Ou simplesmente gente de mão estendida
Grandes cartazes a explicar o óbvio
A falta dum projecto de vida
A impossibilidade de uma vida
Que possa descer a rua
Que possa subir a rua
Apressada ou a olhar
Ou simplesmente sem fazer nada.
No centro da cidade
Passa gente apressada
Gente a olhar
Gente sem fazer nada
Mas no meio da rua
Há malabaristas
Flautistas e guitarristas
Ou simplesmente gente de mão estendida
Grandes cartazes a explicar o óbvio
A falta dum projecto de vida
A impossibilidade de uma vida
Que possa descer a rua
Que possa subir a rua
Apressada ou a olhar
Ou simplesmente sem fazer nada.
Inverno
Canta um pássaro
Na árvore despida
De Primavera
Voam rápidos
Os pássaros
Resistem ao frio
Inverno de Sol
O rosto frio
Acalorado
Entre as árvores
O inverno
É mais íntimo
Junto ao mar
O inverno
Repousa
Na árvore despida
De Primavera
Voam rápidos
Os pássaros
Resistem ao frio
Inverno de Sol
O rosto frio
Acalorado
Entre as árvores
O inverno
É mais íntimo
Junto ao mar
O inverno
Repousa
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