sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Na sombra do bosque

Na sombra do bosque
Mãos dadas furtivas
A brisa aquece

Na sombra do bosque
Pés brincam com pés
As folhas agitam-se

Na sombra do bosque
Ouve-se um beijo
Estremece uma flor

Na sombra do bosque
Os pássaros cantam
E a relva ondula

A propósito de uma peça

A voz sempre a voz...
Canções de desespero e morte
Canções de pura loucura de viver
De raiva e sangue de ódio e amor
Sobretudo uma voz que ecoava mais alto

Edith Piaf dos bairros sórdidos
Dos hotéis de luxo cheios de solidão
Uma mágoa que cresce uma insatisfação
E a voz que se eleva de protesto e raiva
A voz que uma multidão aplaude
As lágrimas que correm desencontradas
A voz a voz a voz e a solidão

E o amor
Ou a vontade tresloucada de amar
Uma vingança ou um hino à vida
Cantado sobre um palco
Enleados num palco
A voz a vida os corpos

E a solidão
Esquecida em garrafas vazias
Numa voz enrouquecida
Em garrafas vazias
Trôpega
A atravessar todos os palcos
Da vida dos homens das multidões
Até ao fim.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Correm rápidas as águas do ribeiro
Agarram o olhar e rodopiam com ele em danças de frenesim
Uma orgia de sentidos uma corrida sem destino
As águas do ribeiro não sabem para onde vão

Mas estão felizes assim parecem
Brancas espumosas fortes e alegres
O desafio é vencer todas as barreiras
E afirmar com todas as certezas o caminho a percorrer

Talvez o mar seja o fim
Ou um simples lago perdido no nada
Pouco importa se a vida foi uma orgia
Embriagada em espuma a vencer barreiras a conquistar olhares.

domingo, 13 de setembro de 2009

Noite

Caminhadas na noite sem estrelas
Muitos passos e vozes mas um tremendo silêncio
O que um Universo adormecido grita
Aos ouvidos de quem escuta e se deixa embalar

Caminhos apertados descobertos por lanternas
Estavam escondidos adormecidos no meio do bosque
As pedras resvalam despertas e amedrontadas
Soam a guerra os passos ritmados da multidão que passa

Noite sem Lua nem estrelas
Mas de uma luz suave a adivinhar auroras
As pilhas fecham-se os olhos abrem-se os lábios cerram-se
Momentaneamente homens e natureza comungam a noite.

Noite

Passeios nocturnos
A multidão que passa
Silencia a noite

Noite sem estrelas
Homens deambulam
À procura do Norte

Bosques escuros
Escondem os caminhos
Que os Homens procuram

Nos caminhos escuros
Tropeça-se nas pedras
Resvala-se na realidade

Na noite cerrada
A sombra das árvores
Aproxima o céu