sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A propósito de uma peça

A voz sempre a voz...
Canções de desespero e morte
Canções de pura loucura de viver
De raiva e sangue de ódio e amor
Sobretudo uma voz que ecoava mais alto

Edith Piaf dos bairros sórdidos
Dos hotéis de luxo cheios de solidão
Uma mágoa que cresce uma insatisfação
E a voz que se eleva de protesto e raiva
A voz que uma multidão aplaude
As lágrimas que correm desencontradas
A voz a voz a voz e a solidão

E o amor
Ou a vontade tresloucada de amar
Uma vingança ou um hino à vida
Cantado sobre um palco
Enleados num palco
A voz a vida os corpos

E a solidão
Esquecida em garrafas vazias
Numa voz enrouquecida
Em garrafas vazias
Trôpega
A atravessar todos os palcos
Da vida dos homens das multidões
Até ao fim.

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