A mesa estava posta
A um canto um pedaço de fruta começada
E um pássaro que não pára de cantar
Indiferente
A tudo indiferente
Num mundo da dimensão duma gaiola
Ou duma cozinha
Ao lume a panela estava a entornar
A chama estava viva
Mas esquecida
O pássaro cantava
Indiferente
Ao canto uma mesa
E alguma cadeiras
Todas vazias menos uma
Que ninguém olhava
Não havia ninguém para olhar
Excepto o pássaro
Que se limitava a cantar
Em cima da mesa pratos vazios
E um copo com água
E uma jarra de flores sem água
Murchas de alguns dias
Esquecidas
Excepto do pássaro
Que cantava para elas
O sonho impossível
De as ter entre o bico e as amar
Na cadeira que não estava vazia
Numa quietude rodeada de solidão
Um homem sem idade balouçava
Todo o espaço que o rodeia feito foguetão
E o canto do pássaro
O guia para a longa viagem.
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Tocou-me este poema :) beijos
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