Sentado ao Sol
A ouvir os pássaros
Num dia de inverno
As flores de nespereira
Emanam a música constante
Das abelhas e do mel.
Na noite fria
O silêncio da noite
O calor da lareira
Junto ao fogo
O crepitar das chamas
No bailado do sono
Nas noites frias de inverno
A luz das estrelas
Só aquece quem as olha
No Sol de inverno
O gato olha
À procura duma manta
Os medronheiros
Salpicam de vermelho
O verde da floresta
Do chão húmido
Brotam desafiadores
Os cogumelos.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Crise
Os pensamentos estão inquietos
Não se sabe o que dizer o que pensar
Há um fantasma que assusta um gigante que assombra
A CRISE que ameaça o conforto
O que sabemos fazer todos os dias
A vida é construída de pequenos gestos
De projectos de sonhos de fantasias
Para os dias futuros dum amanhã que se deseja
Subitamente
A CRISE
O monstro de todos os pesadelos
Que surge do nada
E ameaça
E todo o amanhã é interrogação
Todos os planos têm o paladar da ilusão
O refúgio que resta
É o do sol no banco do jardim
É o do sorriso
Na boca de quem se ama
Um futuro de mãos dadas
A reinventar novos caminhos.
Não se sabe o que dizer o que pensar
Há um fantasma que assusta um gigante que assombra
A CRISE que ameaça o conforto
O que sabemos fazer todos os dias
A vida é construída de pequenos gestos
De projectos de sonhos de fantasias
Para os dias futuros dum amanhã que se deseja
Subitamente
A CRISE
O monstro de todos os pesadelos
Que surge do nada
E ameaça
E todo o amanhã é interrogação
Todos os planos têm o paladar da ilusão
O refúgio que resta
É o do sol no banco do jardim
É o do sorriso
Na boca de quem se ama
Um futuro de mãos dadas
A reinventar novos caminhos.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
No cimo da montanha
As águas que escorrem pelas frestas
São seiva e sangue sal e cor
A força enigmática do Sol que nos transcende
O deus distante ou o Deus que o governa
E quando os raios se desencadeiam
E a tempestade inquieta invade os montes
Uma pulsão de vida emerge e grita
Em cada pedra em cada toca em cada recanto
E pelos montes desabrocham crianças e flores
No cima da montanha
Espelha-se o céu
E o olhar de todo o mundo à volta.
As águas que escorrem pelas frestas
São seiva e sangue sal e cor
A força enigmática do Sol que nos transcende
O deus distante ou o Deus que o governa
E quando os raios se desencadeiam
E a tempestade inquieta invade os montes
Uma pulsão de vida emerge e grita
Em cada pedra em cada toca em cada recanto
E pelos montes desabrocham crianças e flores
No cima da montanha
Espelha-se o céu
E o olhar de todo o mundo à volta.
Queria ser brisa do mar
Percorrer as praias desertas
Trazer notícias dos mundos distantes
Com o sabor fresco do sal
O mar e a brisa que o revela
Segredos de mundo aos ouvidos dos que passam
Perdidos sonhadores pensativos
Ao longo da praia a brisa é a música
A música que nos evolve no silêncio
Que nos agarra refresca recria
E nos conduz qual tocador de flauta
Ao mundo que nos há-de libertar.
Percorrer as praias desertas
Trazer notícias dos mundos distantes
Com o sabor fresco do sal
O mar e a brisa que o revela
Segredos de mundo aos ouvidos dos que passam
Perdidos sonhadores pensativos
Ao longo da praia a brisa é a música
A música que nos evolve no silêncio
Que nos agarra refresca recria
E nos conduz qual tocador de flauta
Ao mundo que nos há-de libertar.
Dias que passam rápidos
Num zumbido de noite numa ameaça de fim
Ao longe sempre o Sol que dá a força
É ao sol que me quero agarrar
Para ter calor para me sentir quente
Com a febre que dá a vertigem
A que transforma idade em aventura
A que tem a força dos que não desistem
Na procura dos caminhos da humanidade.
Num zumbido de noite numa ameaça de fim
Ao longe sempre o Sol que dá a força
É ao sol que me quero agarrar
Para ter calor para me sentir quente
Com a febre que dá a vertigem
A que transforma idade em aventura
A que tem a força dos que não desistem
Na procura dos caminhos da humanidade.
Subir...
Arrancar pela serra acima
Nos olhos um único alvo o mais alto
As pedras rolam a lama escorrega
Mas nada detém
A vontade que tudo deseja
O mundo o enorme mundo
Que nos acolhe nos abraça nos desafia.
Nos olhos um único alvo o mais alto
As pedras rolam a lama escorrega
Mas nada detém
A vontade que tudo deseja
O mundo o enorme mundo
Que nos acolhe nos abraça nos desafia.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Blocos de notas
Blocos de notas
Amontoadas nos bolsos
O que há a fazer
O que não se vai fazer
O que se vai definitivamente esquecer
Blocos de notas
Pedaços de vida de preocupações
Fragmentos de esperança de sonhos e ilusões
Enchem os bolsos transbordam dos bolsos
Perdem-se nos bolsos
No atordoamento de todos os dias
Que vêem crescer desejos
Criteriosamente anotados
Fatalmente esquecidos
Blocos de notas
Enchem os bolsos
Aguardam o destino
Numa qualquer máquina de lavar.
Amontoadas nos bolsos
O que há a fazer
O que não se vai fazer
O que se vai definitivamente esquecer
Blocos de notas
Pedaços de vida de preocupações
Fragmentos de esperança de sonhos e ilusões
Enchem os bolsos transbordam dos bolsos
Perdem-se nos bolsos
No atordoamento de todos os dias
Que vêem crescer desejos
Criteriosamente anotados
Fatalmente esquecidos
Blocos de notas
Enchem os bolsos
Aguardam o destino
Numa qualquer máquina de lavar.
domingo, 9 de outubro de 2011
Broas
Vi na aldeia
Uma sombra
Era velha
E a estrada acabava
Vi na aldeia
Casas despidas
Tectos rasgados
E uma árvore
Por baixo nos bancos
Repousa o passado
Vi na aldeia
Trilhos em silêncio
Um eira
Um poço
Vi na aldeia
Os dias que já foram.
Uma sombra
Era velha
E a estrada acabava
Vi na aldeia
Casas despidas
Tectos rasgados
E uma árvore
Por baixo nos bancos
Repousa o passado
Vi na aldeia
Trilhos em silêncio
Um eira
Um poço
Vi na aldeia
Os dias que já foram.
Uma flor no deserto
Seco árido gélido
A flor era vermelha
E via-se ao longe por ser única
Por ser bela
Por ser só
Uma flor impossível
Naquele deserto de areia e pó
Mas uma flor vermelha
A irradiar luz.
Arrastava-se na areia perdido
O homem a quem só restava o delírio
De olhos cerrados prostrado no chão
Adormece agarrado a uma flor vermelha.
Seco árido gélido
A flor era vermelha
E via-se ao longe por ser única
Por ser bela
Por ser só
Uma flor impossível
Naquele deserto de areia e pó
Mas uma flor vermelha
A irradiar luz.
Arrastava-se na areia perdido
O homem a quem só restava o delírio
De olhos cerrados prostrado no chão
Adormece agarrado a uma flor vermelha.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
A uma cadeira só
Passavam as horas
E a cadeira esperava serena vazia
Um lugar no mundo
À espera
De quem passa
De quem esteja cansado
Ou simplesmente queira olhar
No canto da mesa
Na esquina da rua
Abandonada numa sala
A cadeira está serena.
Na espera tem esperança
Que um olhar nela recaia
E simplesmente descanse.
E a cadeira esperava serena vazia
Um lugar no mundo
À espera
De quem passa
De quem esteja cansado
Ou simplesmente queira olhar
No canto da mesa
Na esquina da rua
Abandonada numa sala
A cadeira está serena.
Na espera tem esperança
Que um olhar nela recaia
E simplesmente descanse.
Expansão
Em expansão!
Velozmente em expansão
E nós recuamos
Contraímos
Ínfimas criaturas
Do Universo que cresce
Ávido guloso
Sempre à espreita
Para se expandir
Do espaço que cada homem liberta
Quando se cansa e desiste
Quando se refugia e adormece.
E respira-se Universo
Transpira-se Universo
E até o sonho
É aprisionado pelo Universo
A expandir-se nos novos caminhos
Até ali só sonhados.
Velozmente em expansão
E nós recuamos
Contraímos
Ínfimas criaturas
Do Universo que cresce
Ávido guloso
Sempre à espreita
Para se expandir
Do espaço que cada homem liberta
Quando se cansa e desiste
Quando se refugia e adormece.
E respira-se Universo
Transpira-se Universo
E até o sonho
É aprisionado pelo Universo
A expandir-se nos novos caminhos
Até ali só sonhados.
Poesia
Uma poesia rápida fugidia
É preciso reinventar todos os dias
Beliscar sacudir agitar
Todas as ideias de repente questionadas
Acordadas do sono insípido
Dos dias que passam iguais.
Uma poesia que brote do vazio
Prenhe de todos os universos
A tremenda explosão que em cada um acontece
Quando as palavras germinam
E vomitam luz que se eterniza
Poemas súbitos acasos puros
Mas inevitáveis
Como o mundo que brotou do nada
Ou talvez não.
É preciso reinventar todos os dias
Beliscar sacudir agitar
Todas as ideias de repente questionadas
Acordadas do sono insípido
Dos dias que passam iguais.
Uma poesia que brote do vazio
Prenhe de todos os universos
A tremenda explosão que em cada um acontece
Quando as palavras germinam
E vomitam luz que se eterniza
Poemas súbitos acasos puros
Mas inevitáveis
Como o mundo que brotou do nada
Ou talvez não.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Passeava pela marginal
A olhar o rio
O largo rio de todas as vidas
A margem do outro lado está lá
Uma linha uma luz uma mancha
A vontade é correr para as pontes
E nadar e voar
O que está do outro lado é sempre maior
Porque não se vê
Porque está longe
Porque o Homem sonha sempre outra coisa
Passeio pela marginal
Pelas gares marítimas pelos monumentos ao mar
E o que me inquieta é o que se passa
Exactamente do lado que não estou
Na outra margem de um qualquer rio.
A olhar o rio
O largo rio de todas as vidas
A margem do outro lado está lá
Uma linha uma luz uma mancha
A vontade é correr para as pontes
E nadar e voar
O que está do outro lado é sempre maior
Porque não se vê
Porque está longe
Porque o Homem sonha sempre outra coisa
Passeio pela marginal
Pelas gares marítimas pelos monumentos ao mar
E o que me inquieta é o que se passa
Exactamente do lado que não estou
Na outra margem de um qualquer rio.
sábado, 10 de setembro de 2011
Muito ao Norte...
Depois do caminho
Uma casa quente
Um lago gelado
Um banho no lago
Um calor que cresce
E logo arrefece
E logo aquece
Na corrida dos baldes
Na refeição que chega
Improvisada
Deliciosa
Quente
E depois dos baldes
E da vassoura
E de olhar a noite fria
Que não chega
A cama
Quente
A sonhar
Com o outro dia.
Uma casa quente
Um lago gelado
Um banho no lago
Um calor que cresce
E logo arrefece
E logo aquece
Na corrida dos baldes
Na refeição que chega
Improvisada
Deliciosa
Quente
E depois dos baldes
E da vassoura
E de olhar a noite fria
Que não chega
A cama
Quente
A sonhar
Com o outro dia.
Muito ao Norte
Partimos para o Norte
Na ânsia entranhada da conquista
Daquela terra inexoravelmente só
Por entre lagos e bosques
Por entre pântanos e pedras
Vestida de verde num frenesim de vida
O tempo é pouco antes do noivado branco
E toda a terra se afunda em musgo e alimento
Milhões de bagas de formas e de cores
Caminhos longos de estrados infindáveis
De frágeis pontes de rios para atravessar
De montes ornamentados a neve
De mochilas às costas somos o filme
Que diverte a natureza altiva daqueles lugares.
Na ânsia entranhada da conquista
Daquela terra inexoravelmente só
Por entre lagos e bosques
Por entre pântanos e pedras
Vestida de verde num frenesim de vida
O tempo é pouco antes do noivado branco
E toda a terra se afunda em musgo e alimento
Milhões de bagas de formas e de cores
Caminhos longos de estrados infindáveis
De frágeis pontes de rios para atravessar
De montes ornamentados a neve
De mochilas às costas somos o filme
Que diverte a natureza altiva daqueles lugares.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Palavras Mágicas
As palavras mágicas
São as que nunca foram ditas
Mas nos habitam
As que nunca foram inventadas
Mas nos sussurram aos ouvidos
São palavras que persigo nos sonhos
Que quase alcanço nos instantes de embriaguez
Num êxtase de Sol ou estrelas
De mar ou planícies verdes
São palavras que quero gritar
Mas que não consigo
Porque são esquivas livres loucas
Porque habitam o mundo e nos desafiam
À incessante busca da sua sonoridade
Do seu sentido
Da sua existência
Palavras esquivas a todas as armadilhas
Dos poemas nunca terminados.
São as que nunca foram ditas
Mas nos habitam
As que nunca foram inventadas
Mas nos sussurram aos ouvidos
São palavras que persigo nos sonhos
Que quase alcanço nos instantes de embriaguez
Num êxtase de Sol ou estrelas
De mar ou planícies verdes
São palavras que quero gritar
Mas que não consigo
Porque são esquivas livres loucas
Porque habitam o mundo e nos desafiam
À incessante busca da sua sonoridade
Do seu sentido
Da sua existência
Palavras esquivas a todas as armadilhas
Dos poemas nunca terminados.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Cais
Barcos a vogar num cais
Aprisionados acomodados adormecidos
Sempre as ondas que vão e vêem
Uma ondulação de azul
Com mensagens do oceano distante
Com que sonham todos os barcos
Ancorados no cais.
Sonham com os espaços imensos
Com as longas viagens
De um silêncio de brisa e ondas
E os gritos das gaivotas inquietas.
Barcos a vogar no cais
Tal e qual os homens
A vogar nas cidades
E a sonhar com a vastidão do mundo.
Aprisionados acomodados adormecidos
Sempre as ondas que vão e vêem
Uma ondulação de azul
Com mensagens do oceano distante
Com que sonham todos os barcos
Ancorados no cais.
Sonham com os espaços imensos
Com as longas viagens
De um silêncio de brisa e ondas
E os gritos das gaivotas inquietas.
Barcos a vogar no cais
Tal e qual os homens
A vogar nas cidades
E a sonhar com a vastidão do mundo.
Os dias voltam à normalidade
Ou seja as noites sucedem ao pôr-do-sol
E as manhãs ao nascer esperado do sol
Ou duma claridade enublada
Ou mesmo molhada
Por isso as janelas se espreitam curiosas
Todas as manhãs
Dos dias normais
Em que se sai a correr
Em que se entra a correr
Em que a notícia banal
Preenche todo o jornal e telejornal.
Os dias voltam à normalidade
Agora são outros que defrontam a vida
Que esperam e desesperam pelos hospitais
Que se confrontam com o desespero
Dos que já não pertencem aos dias normais
Agora são outros que vejo e esqueço
Que não vejo nem quero ver
Porque quero esquecer
Porque simplesmente quero esquecer!
Até mais ver…
Ou seja as noites sucedem ao pôr-do-sol
E as manhãs ao nascer esperado do sol
Ou duma claridade enublada
Ou mesmo molhada
Por isso as janelas se espreitam curiosas
Todas as manhãs
Dos dias normais
Em que se sai a correr
Em que se entra a correr
Em que a notícia banal
Preenche todo o jornal e telejornal.
Os dias voltam à normalidade
Agora são outros que defrontam a vida
Que esperam e desesperam pelos hospitais
Que se confrontam com o desespero
Dos que já não pertencem aos dias normais
Agora são outros que vejo e esqueço
Que não vejo nem quero ver
Porque quero esquecer
Porque simplesmente quero esquecer!
Até mais ver…
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Casas de repouso
Olhares entristecidos
Projectam-se para além
Da realidade sem futuro
Passos lentos
Os corredores longos
Assemelham-se à vida
São horas da refeição
Espalham-se pelas mesas
Sem fome de vida
É sempre solidão
No quarto aconchegado
Com fotografias de ausentes
Permanentemente à espera
De visitas
Ou da visita.
Projectam-se para além
Da realidade sem futuro
Passos lentos
Os corredores longos
Assemelham-se à vida
São horas da refeição
Espalham-se pelas mesas
Sem fome de vida
É sempre solidão
No quarto aconchegado
Com fotografias de ausentes
Permanentemente à espera
De visitas
Ou da visita.
Peço segredo
As orelhas cresceram
As vozes sussurram
Na rua as palavras
Passam velozes
Sem respeitar sinais
Na rua as pessoas
Passam com pressa
Não há outra forma
Na ponte sobre o rio
Olha-se preguiçoso
A labuta das aves
Há quem chore
Na relva do jardim
Com medo do deserto
Na alameda verde
Deitados ao Sol
A respirar cidade
Brincam as palavras
Montes de pedras
A confundir direcções
As orelhas cresceram
As vozes sussurram
Na rua as palavras
Passam velozes
Sem respeitar sinais
Na rua as pessoas
Passam com pressa
Não há outra forma
Na ponte sobre o rio
Olha-se preguiçoso
A labuta das aves
Há quem chore
Na relva do jardim
Com medo do deserto
Na alameda verde
Deitados ao Sol
A respirar cidade
Brincam as palavras
Montes de pedras
A confundir direcções
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Um tronco de árvore na solidão da distância
Uma figura esquiva ao longe
Sulcos na neve nuvens em turbilhão
Um cavalo irrompe na noite
Negro como a figura
Construída no alcatrão da estrada
A observar os viajantes.
A noite é cortada pelo toque dos sinos
Para além da distância há uma torre
E uma igreja e um Deus
As figuras de alcatrão permanecem em silêncio
Só um cavalo que não se vê
Se aproxima
A neve está semeada de cascos
As nuvens semeadas de asas.
O cavalo que vem do nada
Atravessa a Humanidade
Acorre ao Absoluto.
Uma figura esquiva ao longe
Sulcos na neve nuvens em turbilhão
Um cavalo irrompe na noite
Negro como a figura
Construída no alcatrão da estrada
A observar os viajantes.
A noite é cortada pelo toque dos sinos
Para além da distância há uma torre
E uma igreja e um Deus
As figuras de alcatrão permanecem em silêncio
Só um cavalo que não se vê
Se aproxima
A neve está semeada de cascos
As nuvens semeadas de asas.
O cavalo que vem do nada
Atravessa a Humanidade
Acorre ao Absoluto.
Pesadelos
Uma imensa teia de aranha
Homens vermelhos
E um corpo que se agita
É o centro do mundo
Mas não sabe de que mundo
São teias de aranha
E muitos homens a olhar
Risos gritos e risos
E uma bola imensa
Com muitos fios
Talvez cabelos que se afagam
Talvez cordas que aprisionam
Talvez pedaços de vida que se dispersam
São espantosos os mundos que surgem súbitos
E se vão quando a luz se acende
Para desespero dum olhar
Perdido na noite de todas as aventuras
De um espírito em desvarios de êxtase.
Homens vermelhos
E um corpo que se agita
É o centro do mundo
Mas não sabe de que mundo
São teias de aranha
E muitos homens a olhar
Risos gritos e risos
E uma bola imensa
Com muitos fios
Talvez cabelos que se afagam
Talvez cordas que aprisionam
Talvez pedaços de vida que se dispersam
São espantosos os mundos que surgem súbitos
E se vão quando a luz se acende
Para desespero dum olhar
Perdido na noite de todas as aventuras
De um espírito em desvarios de êxtase.
terça-feira, 19 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Primavera
Árvores despidas
Cravadas de flores
Apressadas.
Prados verdes
Salpicado de flores
Apressadas.
Primavera tímida
Desperta o desejo
Nas flores adormecidas.
Cravadas de flores
Apressadas.
Prados verdes
Salpicado de flores
Apressadas.
Primavera tímida
Desperta o desejo
Nas flores adormecidas.
Janela
Uma janela fechada
Um rosto vislumbra-se
No ondear das cortinas.
Uma janela meia aberta
Um rosto semiescondido
Uma verdade semi revelada.
Uma janela aberta
Um rosto espreita
E oferece-se ao mundo.
Um rosto vislumbra-se
No ondear das cortinas.
Uma janela meia aberta
Um rosto semiescondido
Uma verdade semi revelada.
Uma janela aberta
Um rosto espreita
E oferece-se ao mundo.
domingo, 27 de março de 2011
O combóio passa a alta velocidade
Perde-se atrás dos montes dissolve-se na neblina
As carruagens vão cheias de gente
Destinos entre dois carris que se perdem no horizonte.
Silva o combóio através dos montes
Luzes que encandeiam nuvens que escondem
São as paisagens deslizantes aos olhares que interrogam
Passageiros que um dia tiveram de partir.
O combóio sai de uma estação
Quem fica não conhece o seu destino
São duas linhas paralelas e um grito estridente
Lá dentro uma multidão de olhos arregalados
À descoberta do mundo.
Perde-se atrás dos montes dissolve-se na neblina
As carruagens vão cheias de gente
Destinos entre dois carris que se perdem no horizonte.
Silva o combóio através dos montes
Luzes que encandeiam nuvens que escondem
São as paisagens deslizantes aos olhares que interrogam
Passageiros que um dia tiveram de partir.
O combóio sai de uma estação
Quem fica não conhece o seu destino
São duas linhas paralelas e um grito estridente
Lá dentro uma multidão de olhos arregalados
À descoberta do mundo.
Hospital
Na cama dum hospital sem tempo
Onde se sofre onde a dor não tem fuga
Onde a esperança definha a cada tortura
Os Homens lutam resistem protestam
Contra a dor contra a fragilidade contra a natureza
Contra os dias frios as tempestades
Contra os tormentos as inundações
Contra as injustiças as frustrações
Contra toda as afrontas ao ser humano
Ao mais íntimo do ser humano
Que rejeita a dor o sofrimento a morte
Que quer outra coisa que não sabe o que é
Não é a vida a eterna
Não é a felicidade eterna
Não é a saúde eterna
É qualquer coisa que não se sabe o que é
Que transcende todas as fronteiras do ser
E se digladia feroz contra as grades
De uma cama de hospital.
Onde se sofre onde a dor não tem fuga
Onde a esperança definha a cada tortura
Os Homens lutam resistem protestam
Contra a dor contra a fragilidade contra a natureza
Contra os dias frios as tempestades
Contra os tormentos as inundações
Contra as injustiças as frustrações
Contra toda as afrontas ao ser humano
Ao mais íntimo do ser humano
Que rejeita a dor o sofrimento a morte
Que quer outra coisa que não sabe o que é
Não é a vida a eterna
Não é a felicidade eterna
Não é a saúde eterna
É qualquer coisa que não se sabe o que é
Que transcende todas as fronteiras do ser
E se digladia feroz contra as grades
De uma cama de hospital.
domingo, 20 de março de 2011
Primavera
Dias de Sol
Chega a Primavera
E a vontade de caminhar
Que bom o Sol
Espreguiçam-se os corpos
Aquece a alma
O olhar
Na Primavera
Floresce de novo
Chega a Primavera
E a vontade de caminhar
Que bom o Sol
Espreguiçam-se os corpos
Aquece a alma
O olhar
Na Primavera
Floresce de novo
Um elástico nos lábios
Sinto uma vibração que ecoa
Uma melodia que se insinua
Uma voz que sussurra
A voz do elástico a tocar os lábios
Quiçá a beijar os lábios
Tenso alongado
A desfazer-se em melodia
Ou talvez a revelar segredos
Do mais íntimo dos corpos
Do mais ínfimo dos músculos
Do mais universal dos objectos
As cordas que vibram
A construir universos.
Sinto uma vibração que ecoa
Uma melodia que se insinua
Uma voz que sussurra
A voz do elástico a tocar os lábios
Quiçá a beijar os lábios
Tenso alongado
A desfazer-se em melodia
Ou talvez a revelar segredos
Do mais íntimo dos corpos
Do mais ínfimo dos músculos
Do mais universal dos objectos
As cordas que vibram
A construir universos.
terça-feira, 15 de março de 2011
Japão
Olhares rasgados
Trémulos incrédulos
Inundados de água
Imersos em água
Rasos de água.
E um medo surdo
Que vem do inacessível
Do interior da terra
E da poeira
Arrastada pelo vento
Todos os fantasmas da morte
Dançam sobre os olhos
Inundados de água
Náufragos da vida.
Naquela terra distante
Os que estão vivos
Caminham em silêncio
Submissos ao destino.
Trémulos incrédulos
Inundados de água
Imersos em água
Rasos de água.
E um medo surdo
Que vem do inacessível
Do interior da terra
E da poeira
Arrastada pelo vento
Todos os fantasmas da morte
Dançam sobre os olhos
Inundados de água
Náufragos da vida.
Naquela terra distante
Os que estão vivos
Caminham em silêncio
Submissos ao destino.
domingo, 13 de março de 2011
Absurdos
O ser humano
Vive no absurdo
Alimenta-se do absurdo
O absurdo
Assusta e desperta
Aniquila e revigora
No início do caminho
Cada absurdo
Um desafio
No meio do caminho
Digladiam-se certezas
E absurdos
No fim do caminho
Os absurdos
Juntam-se a nós.
Vive no absurdo
Alimenta-se do absurdo
O absurdo
Assusta e desperta
Aniquila e revigora
No início do caminho
Cada absurdo
Um desafio
No meio do caminho
Digladiam-se certezas
E absurdos
No fim do caminho
Os absurdos
Juntam-se a nós.
Tsunami
Onda gigante imparável devoradora
Nenhuma forma humana se lhe pode opor.
E as casas os barcos os comboios
As praias as flores a planície
Todas as fragilidades que o homem ama
São arrastadas com ele para o nada
Montes de lama de sucata de lixo
Tudo o que somos a girar no espaço
Frágeis como os planetas e as estrelas
Devoradas pelos imensos buracos negros
Devorados pelas gigantes marés brancas.
Nenhuma forma humana se lhe pode opor.
E as casas os barcos os comboios
As praias as flores a planície
Todas as fragilidades que o homem ama
São arrastadas com ele para o nada
Montes de lama de sucata de lixo
Tudo o que somos a girar no espaço
Frágeis como os planetas e as estrelas
Devoradas pelos imensos buracos negros
Devorados pelas gigantes marés brancas.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Caminhava pela estrada
Num sem sentir total
Nem a chuva nem o vento
Nem um frágil pensamento
Que se revolte
Era muito longa a estrada
Uma recta sem fim
As árvores iguais
Ao longe um deserto
Mas nem o olhar temia
Nem o corpo sofria
Caminhava ausente
Pela estrada sem fim
Sem sombra de dúvidas
Era aquele o caminho
Que decidiu seguir
Num sem sentir total
Nem a chuva nem o vento
Nem um frágil pensamento
Que se revolte
Era muito longa a estrada
Uma recta sem fim
As árvores iguais
Ao longe um deserto
Mas nem o olhar temia
Nem o corpo sofria
Caminhava ausente
Pela estrada sem fim
Sem sombra de dúvidas
Era aquele o caminho
Que decidiu seguir
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Os homens saíram à rua
E não se importaram de morrer
E o poder tremeu
E o poder caiu
E os homens acreditaram
Que o destino se constrói
E o seu barro é o sonho
E foram para a rua
E o poder tremeu
E o poder caiu
E os homens descobriram
Que não estavam sós
Que outros homens viviam a mesma solidão
A mesma fome a mesma fatalidade
E foram para rua
E o poder tremeu
E o poder caiu
Os homens sempre os homens
Adormecidos manietados
Até um dia
Em que não se importaram de morrer
E foram para a rua
E o poder tremeu
E o poder caiu
E não se importaram de morrer
E o poder tremeu
E o poder caiu
E os homens acreditaram
Que o destino se constrói
E o seu barro é o sonho
E foram para a rua
E o poder tremeu
E o poder caiu
E os homens descobriram
Que não estavam sós
Que outros homens viviam a mesma solidão
A mesma fome a mesma fatalidade
E foram para rua
E o poder tremeu
E o poder caiu
Os homens sempre os homens
Adormecidos manietados
Até um dia
Em que não se importaram de morrer
E foram para a rua
E o poder tremeu
E o poder caiu
Tantos olhares postos no céu
Um único céu
Um único pensamento
A grande dádiva da vida
Nessa imensidão de Ser
Em que todos estamos
Num abraço feito Terra
O paraíso prometido
Em cada pedaço de chão
Onde os pés repousam
E de joelhos as mãos oram
Tantos olhares desesperados no céu
Na ânsia de qualquer coisa que seja sinal
Quando as mesquitas explodem
E as igrejas são devastadas a tiro
A humanidade fica mais só.
Um único céu
Um único pensamento
A grande dádiva da vida
Nessa imensidão de Ser
Em que todos estamos
Num abraço feito Terra
O paraíso prometido
Em cada pedaço de chão
Onde os pés repousam
E de joelhos as mãos oram
Tantos olhares desesperados no céu
Na ânsia de qualquer coisa que seja sinal
Quando as mesquitas explodem
E as igrejas são devastadas a tiro
A humanidade fica mais só.
Está longe o Sol
E quando o olho não consigo ver…
Os olhos fecham-se porque tenho medo
Tão longe tão inalcançável
Queria olhar!
À minha volta uma fogueira
Dentro de mim um fogo intenso
E todo o sonho se projecta no longínquo
Aquela bola que não ouso olhar
Por ter medo de a perder
Por ter medo um medo de deixar de a ver
O fogo
A luz
O céu incendiado de cores
E o teu rosto a sorrir ao longe!
E quando o olho não consigo ver…
Os olhos fecham-se porque tenho medo
Tão longe tão inalcançável
Queria olhar!
À minha volta uma fogueira
Dentro de mim um fogo intenso
E todo o sonho se projecta no longínquo
Aquela bola que não ouso olhar
Por ter medo de a perder
Por ter medo um medo de deixar de a ver
O fogo
A luz
O céu incendiado de cores
E o teu rosto a sorrir ao longe!
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Acidente
Todos os dias trazem novas surpresas
Acasos impensáveis obscuros temidos
Todos os outros têm direito ao destino
Mas cada eu espera as coisas predizíveis
Todos os acidentes têm uma história
Mas não deixam de ser imprevistos brutais
Os que fazem a história de cada homem
Que nasce num instante de rotura
Mas não deixa de temer todas as roturas
Estava um dia de Sol
No instante a seguir num hospital escuro
As dores eram lágrimas de raiva
Nenhuma razão se conforma com os acasos da vida.
Acasos impensáveis obscuros temidos
Todos os outros têm direito ao destino
Mas cada eu espera as coisas predizíveis
Todos os acidentes têm uma história
Mas não deixam de ser imprevistos brutais
Os que fazem a história de cada homem
Que nasce num instante de rotura
Mas não deixa de temer todas as roturas
Estava um dia de Sol
No instante a seguir num hospital escuro
As dores eram lágrimas de raiva
Nenhuma razão se conforma com os acasos da vida.
Dilúvio
Pássaros voam sobre a imensidão da água
Procuram os caminhos os cantos os ninhos
Mas a água imensa um oceano que arrepia
Paira sobre o olhar de espanto dos náufragos
As asas batem já cansadas
As árvores deixaram de existir
As torres os campanários as antenas
Todas as referências se afundaram se foram
E as aves interrogam o céu
Tal como os homens tal como as árvores
Só o silêncio do espelho de água
Responde ao grito das inquietações.
Procuram os caminhos os cantos os ninhos
Mas a água imensa um oceano que arrepia
Paira sobre o olhar de espanto dos náufragos
As asas batem já cansadas
As árvores deixaram de existir
As torres os campanários as antenas
Todas as referências se afundaram se foram
E as aves interrogam o céu
Tal como os homens tal como as árvores
Só o silêncio do espelho de água
Responde ao grito das inquietações.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Cresce em mim a multidão que se angustia
Cruzam os meus olhos os séculos que se passaram
E os homens e mulheres que então buscaram
Para além da sobrevivência um sentido
Cresce em mim a sensação do que está longe
Das coisas que outros irão fazer
Das perguntas que ninguém irá responder
Tal como hoje na mesa dos cafés de todos os dias
Cresce em mim o Universo que se avizinha
Imenso assustador apaixonado
Todos os homens procuram o seu destino
No brilho das estrelas de todo o sempre.
Cruzam os meus olhos os séculos que se passaram
E os homens e mulheres que então buscaram
Para além da sobrevivência um sentido
Cresce em mim a sensação do que está longe
Das coisas que outros irão fazer
Das perguntas que ninguém irá responder
Tal como hoje na mesa dos cafés de todos os dias
Cresce em mim o Universo que se avizinha
Imenso assustador apaixonado
Todos os homens procuram o seu destino
No brilho das estrelas de todo o sempre.
Dilúvio
A água corre e os homens fogem
E as cidades ficam submersas
E os homens correm e fogem
E os que ficam?
Naufragados na lama
Imersos em lama
Feitos lama
Um regresso à terra
Angustiado
Incompreendido
Cheio de dor
Toda a morte
É de dor
Como o parto
Como todas as grandes mudanças
As que trazem as correntes de água
Os grandes dilúvios
Sinais enormes de recomeço
A arca talvez seja uma ilusão
Mas a vida renasceu
No meio das cidades
Só há gritos
E corpos arrastados
Os que sobrevivem olham
E partem
Para outros paraísos
Prometidos.
E as cidades ficam submersas
E os homens correm e fogem
E os que ficam?
Naufragados na lama
Imersos em lama
Feitos lama
Um regresso à terra
Angustiado
Incompreendido
Cheio de dor
Toda a morte
É de dor
Como o parto
Como todas as grandes mudanças
As que trazem as correntes de água
Os grandes dilúvios
Sinais enormes de recomeço
A arca talvez seja uma ilusão
Mas a vida renasceu
No meio das cidades
Só há gritos
E corpos arrastados
Os que sobrevivem olham
E partem
Para outros paraísos
Prometidos.
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